Nos últimos 12 meses, o custo da energia elétrica aumentou mais de 50%, percentual muito acima da inflação. Diante desse cenário adverso, a geração distribuída de energia solar se mostra extremamente interessante, principalmente para consumidores residenciais, comerciais e indústrias que buscam alternativas para gerar a própria energia e ficarem autossuficientes. Na opinião de Mauro Passos, diretor-presidente do Instituto Ideal, entidade de Florianópolis/SC que atua no desenvolvimento de energias alternativas na América Latina, a geração distribuída é um caminho sem volta. Acompanhe abaixo a entrevista exclusiva que Mauro concedeu à WEG em Revista.
WEG em Revista: Qual a importância da geração distribuída de energia elétrica dentro do contexto econômico do Brasil? Quais os benefícios?
Mauro Passos: A geração distribuída é um caminho sem volta. Vai permitir um uso mais eficiente da energia, novos negócios e, por consequência, novos empregos. Dentro do contexto econômico que atravessamos, com reajustes tarifários bem acima da inflação, cada vez mais os consumidores irão procurar gerar a energia que consomem.
WR: Quais os ganhos que empresas e consumidores podem ter como essa nova modalidade de geração de energia elétrica?
Mauro Passos: Se por um lado os consumidores serão os principais beneficiados com essa modalidade de geração, as empresas distribuidoras terão que se adaptar à essa nova realidade. Como toda a mudança gera reação, não será diferente com a geração distribuída.
WR: Por que o Brasil é um país propício para se investir nesse tipo de negócio? Que características nosso país tem que tornam a de geração distribuída atrativa para empresas e consumidores?
Mauro Passos: O Brasil, pela sua dimensão e extensão do seu sistema de transmissão, deve, sempre que possível, acolher iniciativas que aproximem a geração do consumo. Vejo com simpatia e otimismo o que está ocorrendo com a energia solar fotovoltaica. Acredito, que pela boa insolação que temos, muito em breve será prioridade dentro dos nossos planos de expansão da geração.
WR: Em relação aos marcos regulatórios e a incentivos fiscais, o que ainda precisa avançar? Qual é o próximo passo?
Mauro Passos: A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) tem sido parceira e facilitadora da geração distribuída e das fontes alternativas de energia. Sempre que pode, nas audiências públicas que promove, procura atender as demandas que chegam do setor. Já em relação dos incentivos fiscais, alguns estados têm se mostrado mais sensíveis que outros em relação ao ICMS. Sempre que tenho oportunidade de comentar esse assunto, faço questão de registrar: o maior incentivo para a energia solar são os reajustes abusivos das tarifas.
WR: As empresas brasileiras estão preparadas para atuar nesse mercado? Quais são nossos diferenciais em termos de tecnologia, por exemplo?
Mauro Passos: Quando o Instituto IDEAL começou a levantar, há cinco anos atrás, os problemas e entraves a serem enfrentados, de pronto identificou: a falta de uma mão de obra qualificada e raras empresas instaladoras habilitadas. Com o crescimento do mercado, o mapa de fornecedores já conta com mais de 600 empresas cadastrados.
WR: Do ponto de vista do consumidor, seja ele residencial, comercial ou grandes indústrias, o que devem levar em consideração na hora de avaliar a opção pela geração distribuída?
Mauro Passos: A sugestão que deixo é de que acessem o simulador desenvolvido pelo Instituto IDEAL, onde facilmente terão informações que o ajudarão a tomar a melhor decisão ( www.americadosol.org/simulador). E, por fim, se ainda estiverem em dúvida, lembrem-se: a energia solar gerada é sua - a da concessionária nunca será.