Segundo maior país da África (atrás apenas do Sudão), a Argélia tem uma população de 33 milhões de habitantes e uma grande carência: água. Mais de 90% de seu território é ocupado pelo deserto do Saara, o maior do mundo. Entre outras conseqüências diretas disto, o país tem uma área cultivável restrita e importa mais da metade dos grãos que consome. E a situação tende a piorar. Estima-se que em 30 anos a quantidade de água disponível por pessoa, no Norte do África, estará reduzida em 80%.
Diante disto, o governo da Argélia está investindo em um plano de dessalinização da água retirada do mar, que inclui a construção de três grandes dessalinizadoras com capacidade para produzir 400 mil metros cúbicos de água/dia e beneficiar uma população de mais de 2 milhões de pessoas. Duas unidades já estão concluídas e a terceira está em fase de instalação. A planta de Tlemcem-Honaine, localizada nas proximidades da cidade de Orán, próximo à fronteira do Marrocos, terá capacidade para produzir 150 mil metros cúbicos e atender diretamente a 750 mil habitantes. Será uma das maiores do mundo.
A obra é realizada pelas construtoras Befesa (Abengoa), Sadyt (Sacyr-Vallehermoso), que formaram o consórcio GEIDA. Junto com a AEC (Algerian Electrical Company), integram a MBH, uma espécie de concessionária responsável pelo projeto, construção e exploração da dessalinizadora pelos próximos 25 anos. O projeto conta com fornecedores de diversos países.
A WEG está presente com o fornecimento de 17 chaves de acionamento Soft Starters e 10 conversores de frequência para as bombas que retirarão a água do mar de Honaine. O pacote foi fechado pela WEG Ibéria, da Espanha, através do distribuidor preferencial “Flomitec”, empresa especializada no acionamento (Drives&Controls) de motores elétricos. O montador dos painéis elétricos foi a “Electricidad Tebar”, empresa que se dedica a montagem de quadros elétricos para infra-estruturas do setor de água. Os equipamentos já foram entregues à Algerian Energy Company. Eles vão proporcionar o acionamento suave e a variação de velocidade das bombas, o que se traduzirá em maior rendimento e eficiência.
Os trabalhos começaram no primeiro semestre de 2008 e serão concluídos em 2010. O investimento nas três plantas foi de 400 milhões de dólares. Em entrevista à Algérie Presse Service, o ministro interino de Recursos Hídricos da Argélia, Daho Ould Kablia informou que o país deve aplicar 19 bilhões de dólares no setor hídrico até 2014, com o objetivo de ampliar para 165 litros/dia o fornecimento por pessoa. Hoje, este número é de 123l/dia – no Brasil, por exemplo, o volume é de 300 litros/dia. Além das dessalinizadoras, os recursos também serão usados na construção de represas e saneamento. Segundo ele, “com o novo programa, o governo argelino pretende encontrar um ponto de equilíbrio entre as diferentes áreas do país e uma forma justa de suprimento e distribuição de água e serviços relacionados a ela”.
A dessalinização
Água doce é produto escasso no mundo. Embora dois terços do planeta sejam compostos de água, só cerca de 3% dela é doce, adequada para o uso humano, para a agricultura e para a indústria. Em compensação, água salgada tem de sobra. Para muitos países, o jeito é investir – alto - em tecnologia para tirar o sal e poder aproveitar o líquido para consumo.
Em todo o mundo há cerca de 14,4 mil dessalinizadoras – a maior parte delas no Oriente Médio. Segundo dados da International Desalination Association, elas produzem hoje mais de 59,9 bilhões de litros de água por dia.
A dessalinização da água ocorre através de um processo conhecido como Osmose Reversa ou Osmose Inversa. Na prática, bombas de alta pressão empurram a solução salina, fazendo com que ela passe por membranas semipermeáveis, como filtros. Os sais ficam retidos nestas membranas e o líquido sai “puro” do outro lado.
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