Como dimensionar o disjuntor e quais são as suas características?
Saber como dimensionar o disjuntor é essencial para garantir a segurança da rede elétrica. Veja como realizar essa etapa da melhor maneira.
Muita gente me pergunta como funciona meu processo criativo, de onde vêm as inspirações para os projetos que desenvolvo, como surgem as ideias e como eu crio soluções inusitadas quando é necessário.
30 de abril de 2019
Muita gente me pergunta como funciona meu processo criativo, de onde vêm as inspirações para os projetos que desenvolvo, como surgem as ideias e como eu crio soluções inusitadas quando é necessário.
Todo ser humano, naturalmente, tenta catalogar suas experiências em caixinhas dentro da memória. Temos a caixinha dos amigos, a caixinha da família, a caixinha do trabalho, a caixinha do lazer, do doce, do amargo, a caixinha do ultrapassado e a do contemporâneo, e assim por diante.
A cada experiência nova pela qual passamos, buscamos abrir, dentro da memória, as caixinhas certas, para arquivar todo aquele conteúdo que inundou nossos sentidos: as cores, os aromas, as texturas, os sabores. Quando passamos pela mesma experiência novamente, as caixinhas certas automaticamente se abrem e, depois que a experiência acaba, elas se fecham novamente. É o que chamamos de memória afetiva. Muitas pessoas têm caixinha especiais para uma única pessoa e, dentro dela, ficam armazenados conteúdos diversos, como uma música, um perfume, um lugar… Quando os sentidos entram em contato com algum conteúdo desses, a caixinha dessa pessoa automaticamente se abre e a gente lembra dela – lembrou de alguma caixinha sua?
Eu entendo a criatividade como sendo a capacidade de deixar essas caixinhas abertas, permitindo que os seus conteúdos fluam livremente, sem ficar presos dentro da sua caixinha original. Dessa forma, materiais e tecnologias que estariam dentro da caixinha da indústria da moda, das artes plásticas, da tecelagem, da indústria ceramista, moveleira, automobilística e até da aviação, podem migrar para dentro da caixinha da arquitetura e tornarem-se soluções inimagináveis!
Quer um exemplo? O projeto desse closet inclui um fechamento vazado em tela de aço (proveniente da indústria da construção civil) e iluminação com spots refletores em trilhos (provenientes da indústria cinematográfica).
Cada projeto, antes de se tornar um projeto, é uma nova caixinha vazia que surge na mente do arquiteto. Quando essa caixinha abre, no processo criativo, muito “conteúdo flutuante” tenta invadi-la. Muitas ideias, muitas referências, muitas soluções para um mesmo espaço.
Mas nem todo o conteúdo flutuante cabe no projeto, e nem todo conteúdo é adequado, porque essa caixinha não é só do arquiteto: é uma caixinha compartilhada que possui um sócio majoritário: O CLIENTE!
O cliente, naturalmente, coloca uma peneira na entrada da caixinha. Essa peneira é formada pelos seus padrões estéticos, suas preferências, suas necessidades e prioridades. Invisível ao arquiteto, é preciso que o cliente descreva como é essa peneira. Essa reunião é o briefing!
O briefing é uma conversa entre o cliente e o arquiteto, onde o cliente expõe suas regras, o que vai passar na peneira e o que não vai. Essa conversa é muito importante para que o arquiteto selecione, dentro daquele conteúdo flutuante, somente o que tem chance de passar por essa triagem.
Muitas vezes o arquiteto quer colocar um conteúdo dentro da caixinha, porque acredita ser a solução perfeita! Mas o cliente, que é o principal interessado na caixinha, não conhece esse conteúdo ou não gosta dele. Então cabe ao arquiteto mostrar os benefícios que aquele conteúdo pode trazer, ou encontrar um substituo à altura.
Existe também uma peneira que o arquiteto coloca na entrada da caixinha. A peneira TÉCNICA! Essa peneira é criada de acordo com alguns fatores, como o espaço disponível, o orçamento do cliente e o prazo.
Muitas vezes ela é bem complexa e impeditiva. O esforço do arquiteto se torna maior, pois ele precisa procurar com mais empenho, dentro daquele conteúdo flutuante, um conteúdo específico. Às vezes, o conteúdo não existe dentro da mente do arquiteto. Ele precisa, então procurar, pesquisar e estudar.
É por isso que o arquiteto e outros profissionais criativos precisam inundar suas próprias caixinhas o tempo inteiro, com novos conteúdos. Viagens, mostras, feiras, reuniões com especialistas de outras áreas, etc. Tudo o que o arquiteto vê, ouve, toca e sente pode um dia se tornar matéria-prima para a criação de seus projetos.
Cada projeto nasce, em primeiro lugar, a partir do conteúdo de sua caixinha, que foi criada em conjunto com o cliente. É um conjunto de ingredientes que, no final do processo, se tornará a receita para a elaboração de um prato perfeito! Na maioria das vezes, os ingredientes precisam ser trabalhados – aparar as arestas, retirar os excessos – e, assim como uma fórmula química precisam ser equilibrados, balanceados, para que essa receita, quando executada, se torne um prato harmônico, que satisfaça o cliente!
As ferramentas para transformar esse monte de ingredientes em uma receita de sucesso são o papel e a caneta – hoje em dia, também, o computador. Assim como encontrar o equilíbrio entre os ingredientes culinários requer experimentação e trabalho duro, o desenvolvimento do projeto também. Infelizmente, não é viável construir e reconstruir um espaço inúmeras vezes até se encontrar as soluções perfeitas. Por isso, os profissionais buscam incessantemente por tecnologias que permitam a criação de ambientes virtuais, onde as soluções possam ser testadas várias vezes antes de irem definitivamente para a obra.
No final das contas, o desenvolvimento de um projeto é um processo criativo de estudo, adaptação e aperfeiçoamento, que depende da expertise, do empenho e dos métodos do profissional, mas também da contribuição do cliente, para que tenha um resultado satisfatório.
A arquiteta Áliqui Sodré é CEO da Catabila Arquitetura Ltda. no Rio de Janeiro/RJ, e tem vasta experiência na área de projeto arquitetônico, executivo e gerenciamento de obras. Conheça o site do seu escritório, e acompanhe suas atualizações no Facebook e Instagram.